DMA realiza treinamento visando uso sustentável
da água no Campus


Por Jô Carvalho 18/12/2024


ÁGUA NO MUNDO

“A água é um dos elementos mais preciosos e essenciais para a existência humana e a saúde do nosso ecossistema global”: essa é uma máxima que não deveria mais precisar ser lembrada, em pleno século da informação. O volume existente, segundo especialistas, tem permanecido praticamente constante nos últimos 500 milhões de anos. Sua distribuição, porém, é desigual: 97,5% da água do planeta é salgada, enquanto apenas 0,78% é acessível para consumo humano direto. E quase 70% da água doce existente, encontra-se aprisionada nas geleiras e nas calotas polares, enfrentando desafios crescentes trazidos pelas alterações no clima global. Esses dados são fornecidos por especialistas ao Jornal da USP, em março de 2024 (https://jornal.usp.br/campus-ribeirao-preto/a-complexa-geografia-da-agua-no-brasil-e-no-mundo/).

Enquanto apenas 0,78% da água doce do planeta é destinado ao consumo humano, o Brasil detém aproximadamente 12% da água doce superficial disponível.

Apesar da situação privilegiada do País em relação aos recursos hídricos, além das interferências sofridas pelo ciclo hidrológico natural, com as mudanças climáticas, o consumo de água torna-se outro fator de preocupação. Depois da agricultura, setor que apresenta a maior demanda, o setor de abastecimento urbano também se destaca nesse consumo, ficando em segundo lugar, de acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico.

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Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado



Durante a abertura da Conferência da ONU sobre a Água, em março de 2023, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, reforçou o alerta, lembrando que o fornecimento de água no planeta encontra-se ameaçado. Para o chefe da ONU, o recurso está se esgotando em função do “consumo excessivo vampírico e uso insustentável”, além dos riscos que sofre com as mudanças climáticas. Ao ressaltar que o ciclo da água foi quebrado, ecossistemas destruídos e lençóis freáticos contaminados, Guterres alertou que quase três em cada quatro desastres naturais estão relacionados à água. (https://brasil.un.org/pt-br/224386-consumo-vamp%C3%ADrico-est%C3%A1- esgotando-%C3%A1gua-no-mundo).

Face a esta realidade, práticas sustentáveis precisam ser implementadas pela sociedade, visando garantir a maior eficiência do uso da água, com medidas para garantir a disponibilidade desse recurso vital para as gerações futuras.


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A UFRN coleta e trata todo o esgoto de suas instalações destinando a água residual para
irrigação dos campos de futebol e jardinagem. Foto: Cícero Oliveira



ÁGUA NA UFRN

Enfrentar problemas como desperdício de água é uma das missões da Diretoria de Meio Ambiente da UFRN, a DMA.

Para seu diretor, Danillo, as providências tomadas resultam, entre outros, da observação sistemática de situações de desperdício, nas vistorias pela UFRN, principalmente nos jardins.

Outros problemas se somam, como vazamentos, problemas com torneiras mal reguladas ou bombas quebradas, já que o abastecimento interno é feito pela própria UFRN, através de poços tubulares.

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Vazamento no Campus Central da UFRN. Foto: Danillon Ferraz



A intensificação desses problemas vem ocasionando situações de falta de água, de modo crescente.

Para o Diretor, o sistema como um todo precisa melhorar.

Por esta razão, foi incluído, este ano, o treinamento da equipe de jardineiros responsáveis pela manutenção de jardins e gramados da Instituição, no Plano de Logística Sustentável. O curso Uso Sustentável da Água em Jardins e Áreas Verdes Urbanas, veio atender à demanda contida no Eixo I do PLS 2004-2027, da UFRN, de promoção e indução da racionalização e do consumo consciente de bens e serviços , cuja diretriz aponta para a conservação dos recursos hídricos.

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Foto: Jô Carvalho



CURSO USO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA EM JARDINS E ÁREAS VERDES URBANAS


O treinamento realizado teve o objetivo de manter os jardineiros e equipe de limpeza que atuam na UFRN, treinados quanto a boas práticas para uso racional da água. Este primeiro treinamento buscou atender aos jardineiros ligados diretamente à DMA. Ao longo de 2025, a ideia é atingir a todos os terceirizados que atuam na jardinagem e limpeza, urbana e predial, no Campus.

Mafra fala que as filantropias normalmente abrangem todos os perfis-cidadãos, porém algumas em específico possuem foco em determinados públicos, como o infantil, o da terceira idade e o hospitalar. A docente estima que, em média, os membros realizam três programações solidárias por ano. “Acredito que já fizemos em torno de 20 ações desde o início do projeto em 2016”, avalia.

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Fotos: Jô Carvalho



No curso, a coordenadora do Programa de Educação Ambiental (ProEA/DMA/INFRA) e membro do Comitê Gestor do PLS, atuando nas áreas de educação ambiental e gestão de resíduos, Engenheira Civil da DMA, Marjorie Medeiros, abordou questões gerais sobre a água e sua importância para a manutenção da vida no planeta, ressaltando como as mudanças climáticas tem ocasionado eventos extremos de secas, tempestades, inundações, tempestades, entre outros, afetando a distribuição e a qualidade da água para consumo. Um exemplo dessa relação pôde ser visto com as chuvas ocorridas em maio de 2024, no Rio Grande do Sul, quando todo o abastecimento de água ficou comprometido, e o acúmulo da água por muito tempo aumentou a possibilidade da incidência de doenças de veiculação hídrica e arboviroses, afetando a saúde e qualidade de vida da população.

Diante deste contexto, Marjorie destacou a importância do trabalho de manutenção das áreas verdes do Campus Central, realizado pelos jardineiros. Para além da beleza cênico paisagística, o aumento das áreas de sombreamento é fundamental para a amenização de bolhas de calor, ação necessária para a mitigação do impacto das mudanças climáticas no Campus Central e seu entorno, atendendo ao Objetivo 13 da Agenda 2030 da ONU, “Ação contra a mudança Global do Clima”.



USO CONSCIENTE DA ÁGUA: ASPECTOS BIOLÓGICOS.

Biólogo da DMA, Breno Carneiro atua nas áreas de Arborização urbana, produção de mudas e sementes, licenciamento ambiental, controle de zoonoses, resgate de fauna, educação ambiental.

Para falar sobre o uso da água em jardins e áreas urbanas, Breno discorreu especificamente sobre os aspectos biológicos nas relações água e plantas, explicou qual o papel da água no seu funcionamento, e quais conhecimentos sobre as plantas são fundamentais para contribuir com o uso racional da água. Essas informações servirão para orientar o planejamento, por exemplo, com relação à irrigação, desde a definição das plantas prioritárias, ou horários , ou o melhor momento para corte/poda.

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Foto: tihon



RESULTADOS PARA OS ENVOLVIDOS

Para Elenilson Bezerra, terceirizado da UFRN mais conhecido como Cascata, o trabalho de jardinagem dá enorme prazer: “trabalho com o que gosto, a natureza”. Cascata é jardineiro da DMA, responsável pela manutenção dos jardins da reitoria.

Há 13 anos na profissão, Cascata considera o treinamento muito importante para a melhoria do desempenho da sua função: “a gente não sabe tudo, sempre tem coisa pra aprender”.

Desafio maior, para o jardineiro, é contar apenas com a água – “melhorias como adubo ou maquinários facilitariam em muito o serviço”.

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Foto: Jô Carvalho


A limitação é corroborada pelo Sr José Alves, jardineiro há 10 anos, na UFRN. Para melhorar, a mesma observação do colega: equipamentos apropriados e sistema de adubagem com nutrientes para ajudar na recuperação e desenvolvimento das plantas.

O senhor José iniciou seu trabalho, na UFRN, com poda, foi se aperfeiçoando e adquirindo outros conhecimentos como produzir e cuidar de uma muda. "De coração, gosto de tudo, na jardinagem: preparação e manutenção de um jardim, poda de uma planta, corte de uma grama..."

“É um trabalho que a gente desenvolve com carinho, cuidado, satisfação que a gente tem de tá cuidando do meio ambiente e tem aquele desejo de querer sempre melhorar”.

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Foto: Jô Carvalho